“Não
compartilho meus pensamentos achando que vou mudar a cabeça de pessoas que
pensam diferente. Compartilho meus pensamentos para mostrar às pessoas que já
pensam como eu que elas não estão sozinhas”. Embora aparentemente altruísta,
esta assertiva esconde diversas incoerências. Em primeiro lugar, deve-se
respeitar a atitude do seu autor de não desejar exercer qualquer influência
sobre o pensamento das outras pessoas, mas apenas demonstrar sua solidariedade
para com aqueles que já pensam igual a ele. No mundo em que vivemos, todavia,
influenciar e ser influenciado é algo que ocorre o tempo inteiro, quer
queiramos ou não. Acima de tudo nas redes sociais, onde a diversidade de
público é imensurável, nem sempre aquilo que pensamos encontrará apenas pessoas
que pensam como nós. Pessoalmente, penso totalmente o inverso do autor da
referida frase. O meu anseio é por influenciar o pensamento das pessoas,
levá-las a questionarem as suas crenças e valores. No fim pode ser que elas
cheguem à conclusão de que estão certas e eu errado, não é esse o problema. A
questão é assumir uma posição pessoal diante de qualquer situação, ter uma
opinião formada sobre algo, mesmo que vá contra o pensamento da maioria. Se o
objetivo do autor é insinuar que devemos respeitar a opinião dos outros sem
questioná-las, ele está enganado. As mídias tentam diariamente de todas as
formas influenciar o nosso pensamento, levando-nos a acreditar que precisamos
com urgência dos seus produtos e serviços. As propagandas político-partidárias
objetivam nos convencer de que certo candidato é o ideal. Estamos sempre sendo
bombardeados por informações contrárias àquilo em quê acreditamos. Cabe a nós
aceitá-las ou não, comprá-las ou não. Por outro lado, devemos de fato tentar
mudar a cabeça das pessoas, buscando formas de convencê-las a se desviarem do
mau caminho: das drogas, dos crimes, da violência, da mentira. Propagandas,
campanhas, pregações, mensagens, vídeos são criados nesse sentido: mudar a
opinião dessas pessoas e levá-las a pensar diferente. Não fazer isso é egoísmo
e indiferença. Viver é influenciar. Liderança é influência. Tudo e todos o
tempo inteiro estão exercendo algum tipo de influência, boa ou má. Tal frase
jamais caberá na realidade da Igreja de Jesus, que diariamente exerce
influência sobre o mundo por meio da pregação do Reino de Deus, uma pregação que
subverte as estruturas mentais hodiernas e aponta para a verdade absoluta do
Evangelho de Cristo. Jesus e suas palavras influenciaram as pessoas da sua
época, há mais de 2 mil anos atrás e continuam a influenciar até hoje. E o
chamado de Jesus não é ao conformismo, à manutenção de um estado de coisas, mas
à conversão, à transformação integral de vidas. Como discípulos de Jesus, somos
o sal que não salga a si mesmo, mas onde não existe sal. Somos a luz que não
ilumina a si mesma, mas onde as trevas imperam. Respeitemos a opinião dos
outros, mas nunca deixemos de ser boas influências.
Para meditar: Isaías 61:1; Mateus
4:17; Marcos 16:15; Atos 5:42; Romanos 10:12-15; 2 Timóteo 4:2.
Ação transformadora: Aprenda a escutar
antes de falar.
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