quarta-feira, 29 de junho de 2016

SUBMETENDO-SE À VONTADE DE DEUS




O cristianismo de hoje é um cristianismo de benção, de poder, de milagres e de unção. É isso que tem sido pregado nas igrejas: que crente não sofre e que Deus possui prosperidade e sucesso profissional para ele guardados num cofre no céu, aberto pela senha que é o nome de Jesus e os dízimos. Muito se fala do Deus de poder e pouco se fala do Deus de autoridade, do Deus que é justiça e juízo. Pouco se busca a vontade de Deus. Mas a jovem Maria, uma moça pobre de Nazaré, não estava em busca de ouro ou prata, não desejava carros importados nem empresas multimilionárias. Ela só queria uma coisa: que a vontade de Deus se cumprisse na vida dela.Adorada pelos católicos, a figura de Maria acabou sendo negligenciada pelos evangélicos. Mas é esta personagem agraciada por Deus, bem-aventurada entre todas as mulheres e ao mesmo tempo pecadora como nós, que traz uma das maiores e mais belas lições da Bíblia: a submissão à vontade do Pai. O texto de Lucas 1:26-38 nos traz grandes lições. Dos versículos 26 a 28, Lucas nos mostra que Deus se revela a nós. Deus sempre se revelou aos homens ao longo dos tempos (Adão e Eva, Moisés, Abraão, os profetas, apóstolo Paulo). Ele se revela por meio da História, por meio das Escrituras (Êxodo 34:27,28; mandamentos, profecias e promessas), por meio das coisas criadas (Salmo 19:1-4). Jesus Cristo é a revelação perfeita de Deus (João 1:1-14; João 5:18; Gálatas 4:4).
          Qual o propósito de Deus se revelar ao homem? Manter relacionamento com ele e mostrar-lhe a sua vontade. Deus se revelou à sua serva, Maria, para mostrar a obra que haveria de realizar por meio dela. Nem sempre agimos como Maria, nem sempre estamos prontos para ouvir aquilo que Deus quer falar para nós. Às vezes a vontade de Deus para a nossa vida nos confunde, porque nem sempre aquilo que Deus tem para nós é o que queremos para nós mesmos. Quais são os planos de Deus para a nossa vida? Deus tem uma grande obra a realizar em nós e por nós.Nos versículos 29 e 34, Maria nos dá um exemplo de humildade e de reconhecimento da nossa incapacidade frente aos desígnios de Deus. Assim como Maria, somos seres humanos falhos, incompletos, mas mesmo assim Deus nos escolhe e nos separa para a sua obra. Precisamos admitir nossas falhas, nossos pecados, nossa incapacidade de realizar sem Deus a sua obra. Mas como fazê-lo? Deus responde à Maria que era Ele quem iria realizar a grande obra da salvação (vs. 30-33; 35-37). Não é pelo nosso talento, pela nossa capacidade, mas pelo poder de Deus que opera em nós. É Deus quem opera tudo em todos (1 Coríntios 12:6; Colossenses 1:29). A nossa suficiência vem do Senhor (2 Coríntios 3:5). Deus não chama os capacitados, mas capacita os escolhidos. A vontade de Deus será realizada a despeito da nossa pequenez: Deus se torna grande em nós.
           O que precisamos é esperar em Deus e confiar que ele fará tudo conforme nos prometeu. Diante da grandeza da obra de Deus e da compreensão espiritual do seu chamado, Maria dá a resposta já esperada pelo Senhor (v. 38). Ela se entrega de forma humilde e submissa à vontade do Pai. Um coração alcançado por Deus é um coração que deseja servi-lo. E é impossível servir a Deus sem obedecê-lo. Mesmo diante daquilo que era humanamente impossível, Maria se submeteu aos desígnios de Deus. Submeter-se à vontade de Deus, para a Maria daquela cultura, significaria correr o risco de perder o seu noivo, ser apedrejada por suspeita de adultério e ser marginalizada pela sociedade.O quanto estamos dispostos a arriscar para cumprir a vontade de Deus para a nossa vida? Será que estamos dispostos a pagar o preço? Será que realmente acreditamos em Deus ao ponto de nos deixar guiar totalmente por ele ao invés de resolver tudo da nossa maneira e com nossos próprios esforços? Diante da revelação de Deus devemos nos submeter à sua vontade, confiar no seu poder e obedecer a sua Palavra. O apóstolo Paulo foi um grande exemplo: de perseguidor da Igreja a mensageiro das boas-novas. Diante da revelação de Deus, Paulo se converteu e se submeteu até a morte aos planos de Deus para a sua vida.Precisamos refletir: será que conhecemos a vontade de Deus para a nossa vida? Será que estamos dispostos a nos submeter a Deus e a pagar o preço para que a sua obra se cumpra em nós? Somos como Maria, que se reconheceu como uma serva do Senhor e se submeteu à sua Palavra, ou como muitos crentes que não querem servir a Deus, mas querem que Deus os sirva, decretando bênçãos para si e exigindo e cobrando de Deus prosperidade para as suas vidas?

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